A ansiedade é um sentimento humano normal, todos nós sentimos ansiedade quando confrontados com situações que achamos ameaçadoras ou difíceis. Este sentimento desaparece quando nos habituamos à situação, quando ela muda ou quando a abandonamos.

A ansiedade assemelha-se ao medo. Quando é provocada por problemas da vida que não podemos resolver (ex. problemas financeiros) chamamos-lhe preocupação, quando é uma reacção a um perigo imediato (ex. ser confrontado com um cão enraivecido) chamamos-lhe medo.
Embora estes sentimentos sejam desagradáveis, eles têm um objectivo. A preocupação, o medo e a ansiedade podem ser úteis:

  • Psicologicamente – mantêm-nos alerta e motivam-nos para planear e lidar com os problemas.
  • Fisicamente – preparam o nosso corpo para um exercício exigente e repentino, para fugir do perigo ou enfrentá-lo.

Apesar de úteis, estes sentimentos podem ser um problema quando se tornam demasiado fortes ou persistentes, em situações em que não são necessários. Eles fazem com que se sinta desconfortável, impedem-no de fazer as coisas que quer e precisa fazer, levando-o a viver permanentemente angustiado.

O que são as perturbações de ansiedade?

As perturbações de ansiedade constituem um problema de saúde. Entre estas perturbações podemos encontrar a perturbação da ansiedade generalizada, perturbação obsessivo-compulsiva, perturbação da ansiedade social, perturbação de pânico e as fobias. A dificuldade comum a todas estas perturbações é a ansiedade extrema que interfere no funcionamento diário da pessoa.
Neste segmento não será referida a perturbação obsessivo-compulsiva, que pela sua especificidade será tratada noutra secção – Perturbação obsessivo-compulsiva.

Perturbação da ansiedade generalizada

Esta perturbação caracteriza-se por um sentimento de ansiedade permanente, ao contrário da ansiedade comum que emerge apenas em situações específicas, em que é necessária.
Quando a ansiedade é tão frequente e em níveis elevados é comum que desenvolvam ataques de pânico ou fobias.

Ataques de pânico

Aos episódios repentinos e intensos de ansiedade chamamos de pânico, normalmente estes episódios levam a que a pessoa tenha que sair rapidamente da situação em que se encontra.
Nesta perturbação a ansiedade encontra-se frequentemente associada a situações relativamente às quais já imaginava que iriam causar-lhe ansiedade. Os sintomas podem aparecer de forma repentina e em menos de 10 minutos atingir o pico máximo. Quando tal acontece alguns sintomas típicos aparecem:

  • medo de morrer
  • medo de ficar louco ou de perder o controlo
  • falta de ar
  • dor no peito
  • tonturas
  • sensação de choque

Estes episódios podem ser tão violentos, que poderá levar a pessoa a pensar que vai morrer, no entanto, de todas as pessoas que se queixam de falta de ar e dor no peito, cerca de um quarto não têm problemas cardíacos mas tiveram um ataque de pânico.

Embora os sintomas desta perturbação sejam muito semelhantes aos da ansiedade generalizada, estes são muito mais intensos, não são permanentes (vão e vêm) e necessitam de um tratamento diferente.

Fobia

A fobia caracteriza-se por medo de uma situação ou de alguma coisa, que normalmente, não constitui perigo e à qual à maioria das pessoas não causa problemas. A proximidade à situação ou à tal coisa faz com que a pessoa se torne ansiosa. Assim quanto maior ansiedade maior é o evitamento. Quando a pessoas de encontra afastada do elemento que causa ansiedade, esta sente-se bem.

Algumas das fobias mais comuns são:

  • Agorofobia – medo de locais públicos de onde parece difícil sair/escapar (multidões, filas, autocarros ou pontes). Este tipo de fobia pode impedir a pessoa de sair de casa.
  • Fobia social – medo de estar com outras pessoas. As pessoas preocupa-se com o que os outros pensam e vive com medo de que se envergonhar. Isto pode fazer com que seja difícil comer fora de casa, falar com outras pessoas, principalmente se é a primeira vez que passa por essa situação.
  • Fobias específicas – medo de aranhas, agulhas, alturas ou de voar…

Neste tipo de perturbação de ansiedade o problema está associado ao evitamento da situação ansiogénica, tal só vai aumentar a ansiedade à medida que o tempo passa. A vida das pessoas que têm fobias tende a ficar cada vez mais dominada pelo medo, o que as leva a tomar precauções para evitar aquilo que lhes causa medo.
Frequentemente, a pessoa percebe que não há um perigo real associado ao elemento que lhe causa ansiedade, no entanto não consegue controlar o medo que se encontra associado.
As fobias podem ter origem num acontecimento de vida traumático, por exemplo, ser atacado por um cão pode originar uma fobia de cães.

Quais são os sintomas mais comuns das perturbações de ansiedade?

A ansiedade manifesta-se, normalmente, do ponto de vista psicológico e físico. Alguns dos sintomas mais comuns que se encontram associados às perturbações da ansiedade encontram-se descritos no quadro seguinte:

As pessoas com ansiedade confundem frequentemente os sintomas típicos da ansiedade com os sintomas de uma doença física grave, esta confusão tende a aumentar a ansiedade e a piorar os sintomas.

As perturbações de ansiedade são frequentemente acompanhadas por outros problemas de saúde mental, senda a depressão é um dos mais comuns. A ansiedade provoca momentos de mal-estar e infelicidade que continuamente conduzem a pensamentos e sentimentos de falta de esperança num futuro melhor, traduzindo-se isto em depressão.

Causas da ansiedade

Genética

Actualmente a investigação científica sugere que algumas pessoas possam ter uma tendência para serem ansiosas devido à sua herança genética. No entanto, mesmo as pessoas que não são naturalmente ansiosas podem tornar-se ansiosas quando colocadas sob bastante pressão.

Trauma

Há casos em que o motivo da ansiedade é fácil de perceber e nesta situação quando o problema desaparece o mesmo acontece com a ansiedade. Existem, contudo, situações que são tão perturbadoras e ameaçadoras, que causam um tipo de ansiedade que pode continuar mesmo após o acontecimento traumático. Estas situações são normalmente situações que ameaçam a vida, como por exemplo, acidentes de carro, de comboio ou incêndios. As pessoas envolvidas podem sentir-se nervosas e ansiosas durante meses ou anos após o acontecimento, mesmo que não tenham ficado fisicamente magoadas. Este tipo de ansiedade enquadra-se naquilo a que chamamos actualmente de perturbação de stress pós-traumático.

Drogas

O consumo de drogas pode conduzir a estados ansiosos, a cafeína pode ser o suficiente para fazer com que algumas pessoas se sintam desconfortavelmente ansiosas, pelo mesmo motivo não se recomenda o consumo de anfetaminas, LSD ou exctasy.

Não compreender os sintomas

Quando os sintomas físicos da ansiedade se manifestam, algumas pessoas tendem a atribuí-los a doenças físicas perigosas e não à ansiedade. Este pensamento provoca um aumento da ansiedade, o que provoca o agravamento dos sintomas. Este tipo de pensamento desenvolve-se num ciclo vicioso, no qual quanto mais a pessoa se preocupa, piores se tornam os sintomas, fazendo aumentar ainda mais a ansiedade, como podemos ver na imagem que se segue.

Problemas de saúde mental
A existência de outros problemas de saúde mental podem fazer com que se sinta mais ansioso, por exemplo cerca de metade das pessoas com depressão têm ataques de pânico.

Problemas físicos
Algumas perturbações da ansiedade encontram-se relacionadas com problemas de saúde física. Alguns dos problemas físicos que podem estar associados à ansiedade são:

  • Doenças do coração
  • Diabetes
  • Problemas da tiróide
  • Asma
  • Abuso de drogas
  • Abstinência alcoólica
  • Alguns tumores
  • Espasmos ou cãibras musculares

A ansiedade associada a problemas físicos é mais comum nas seguintes situações:

  • Sintomas tiveram início após 35 anos de idade
  • Não tem nenhum familiar com perturbação da ansiedade
  • Não teve nenhuma perturbação de ansiedade na infância
  • Não evita determinadas coisas ou situações devido à ansiedade
  • Não ocorreram situações de vida que desencadearam a ansiedade
  • A medicação que toma para a ansiedade não alivia os sintomas

Embora exista um vasto conhecimento acerca das causas da ansiedade, há situações em que estas causas podem não ser claras, tal acontece quando não há uma única causa mas sim a influência de diversos elementos, como a personalidade, acontecimentos de vida ou grandes mudanças na vida.

Prevalência das perturbações de ansiedade

Estima-se que cerca de 1 em cada 10 pessoas, em algum momento da sua vida, será afectado por perturbações de ansiedade, destes a maioria não irá procurar ajuda para o seu problema. Actualmente sabe-se, que as mulheres podem ser mais afectadas que os homens por este tipo de perturbação, da mesma forma, traumas na infância, ter uma doença crónica, ter familiares com perturbações de ansiedade e o abuso de substância podem constituir factores de risco.

Quando estamos sujeitos a muita pressão, podemos sentir ansiedade e receio, no entanto, normalmente, conseguimos lidar com estes sentimentos porque conseguimos identificar as causas e sabemos quando é que a situação vai acabar. Por exemplo, muitas pessoas sentem-se ansiosas antes de fazer um exame de condução, mas conseguem lidar com essa ansiedade pois sabem que os sentimentos e sintomas vão desaparecer assim que o exame acabar.
No entanto, há outras pessoas que constantemente têm estes sentimentos e sintomas, sem saber o que os causa e sem saber quando é que vão desaparecer, tornando muito mais difícil lidar com esta situação, quando tal acontece deverá procurar ajuda. No entanto, algumas pessoas que sofrem com as perturbações de ansiedade não querem pedir ajuda, pois receiam o que os outros poderão pensar.

As perturbações de ansiedade têm tratamento e a procura atempada de ajuda pode evitar um sofrimento maior.

A demência não uma doença específica, esta diz respeito a um grupo de sintomas que afectam as competências intelectuais e sociais das pessoas afectadas, interferindo gravemente com o funcionamento diário. Existem diferentes tipos de demência, dependendo das mudanças que ocorreram no cérebro.
Associada à demência ocorre frequentemente a perda de memória, no entanto, as pessoas tendem a ficar mais esquecidas à medida que vão envelhecendo e nem sempre tal é sinónimo de demência. Um diagnóstico de demência envolve, normalmente, pelo menos a afecção de duas funções cerebrais como, por exemplo, perda de memória com alterações de raciocínio ou da linguagem.

Quando o cérebro é afectado a pessoa pode apresentar:

  • Confusão
  • Incapacidade para lembrar nomes ou pessoas
  • Dificuldade em lidar com as tarefas do dia-a-dia (preparar uma refeição ou gerir uma conta bancária);
  • Dificuldade em comunicar;
  • Mudanças de humor, alterações do raciocínio ou da personalidade.

Os sintomas são, normalmente, progressivos piorando com o passar do tempo, conduzindo a situações de maior dependência. A demência é mais frequente em pessoas mais velhas, no entanto, existem alguns casos em que o início dos sintomas foi determinado por volta dos 40 anos de idade.

Cerca de 1 em cada 20 pessoas com mais de 65 anos tem demência e aos 80 anos de idade cerca de 1 em cada 5 pessoas irão desenvolver alguns sintomas da doença.

Toda a perda de memória significa demência?

A perda de memória é uma das características comuns do envelhecer, no entanto, graves perdas de memória não são normais do processo de envelhecimento e não devem ser ignoradas.

Existem diversos problemas de saúde que podem levar à perda de memória e a problemas cognitivos suficientemente graves para interferirem no funcionamento normal da pessoa. Estes problemas podem afectar tanto as pessoas novas como as mais velhas, por isso é necessário realizar um diagnóstico que possa esclarecer as causas, até porque alguns podem ser reversíveis.
A detecção precoce dos sintomas, bem como o inicio do tratamento, é determinante para um bom prognóstico da situação.
As demências consideradas irreversíveis são também chamadas de demências degenerativas, destas a doença de Alzheimer é a mais comum. Embora outras demências possam ter uma expressão semelhante à de Alzheimer, têm características distintas que necessitam de especial atenção e tratamentos específicos.

Demências Reversíveis podem dever-se a:
  • Reacções à medicação
  • Infecções e doenças imunitárias
  • Problemas endócrinos
  • Perturbações metabólicas
  • Perturbações emocionais (depressão…)
  • Problemas da visão e audição
  • Deficiências nutricionais
  • Envenenamento
  • Tumores cerebrais
  • Anóxia
  • Problemas cardíacos e dos pulmões
Entre as demências degenerativas podem encontram-se:
  • Doença de Alzheimer – é causada pela destruição de dois tipos de células cerebrais (neurónios), no entanto, a causa exacta para que tal ocorra ainda não é clara. Este tipo de demência tem um progresso lento, ao longo de 7 a 10 anos, provocando um declínio gradual das competências cognitivas.
  • Demência dos Corpos de Lewy – estes corpos são aglomerados de proteína encontrados nos cérebros de pessoas com este tipo demência, de Alzheimer e Parkinson. Os sintomas deste tipo de demência são semelhantes aos da Alzheimer, no entanto, entre os sintomas específicos encontram-se flutuações do estado de confusão e lucidez, alucinações visuais e sintomas de Parkinson como tremor e rigidez. As pessoas que têm este tipo de demência manifestam, normalmente, problemas relacionados com o sono REM, agindo sobre os sonhos, movendo-se e pontapeando durante o sono.
  • Demência Vascular – Este tipo de demência resulta de danos cerebrais causados por problemas nas artérias que servem o cérebro ou o coração. Os sintomas iniciam repentinamente, após um enfarte e podem ocorrer em pessoas com hipertensão ou que tiveram enfartes anteriores. A demência vascular pode, também, ser causada por infecções da válvula do coração ou pela acumulação de proteínas amilóides nos vasos sanguíneos do cérebro, causando enfartes hemorrágicos.
  • Demência Fronto-temporal – Este tipo de demência está relacionado com um grupo de doenças caracterizado pela degeneração das células nervosas dos lobos frontal e temporal do cérebro – estas são áreas associadas à personalidade, comportamento e linguagem. A causa para esta degeneração não é conhecida, mas em alguns casos sabe-se que se relaciona com uma mutação genética. Os sinais e sintomas da demência fronto-temporal podem incluir: comportamentos sociais inapropriados, perda de flexibilidade mental, problemas de linguagem e dificuldades de raciocínio e concentração, sintomas que normalmente aparecem entre os 40 e os 65 anos de idade.
Outras perturbações associadas à demência:
  • Doença de Creutzfeldt-Jakob
  • Demência de Parkinson
  • Doença de Huntington
Factores de risco

Existem diversos factores que podem conduzir à demência, entre estes podemos encontrar:

  • Idade
  • História familiar
  • Abuso de álcool
  • Aterosclerose
  • Pressão arterial
  • Colesterol
  • Depressão
  • Diabetes
  • Altos níveis de estrogénio
  • Níveis de homocisteína no sangue
  • Fumar
Diagnóstico de Demência

Para se realizar o diagnóstico de demência é necessário realizar uma avaliação médica e neuropsicológica completa.
Inicialmente determina-se se a pessoa tem problemas cognitivos e qual a sua gravidade. O próximo passo é determinar a causa dos sintomas, para se recomendar o tratamento e para que a pessoa e potenciais cuidadores possam planear o futuro.

A avaliação médica da demência normalmente inclui:

  • Revisão da história do início dos sintomas;
  • Realização da história médica e medicamentosa;
  • Realização do exame neurológico;
  • Realização de exames laboratoriais, para excluir deficiências vitamínicas ou problemas metabólicos;
  • Imagiologia cerebral (TAC ou Ressonância magnética)
  • Avaliação neuropsicológica
Tratamento para a demência

Como já se referiu anteriormente as demências reversíveis tendem a desaparecer assim que o problema de base é tratado. As degenerativas não têm, para já, uma cura, não obstante, há tratamentos médicos que atrasam a progressão da doença e maximizam as capacidades cognitivas e funcionais da pessoa.
Nas demências de Alzheimer e dos Corpos de Lewy, os medicamentos chamados de inibidores da acetilcolinesterase abrandam a progressão da doença e melhoram o funcionamento da memória, ajudando ainda com as alucinações, quando estas ocorrem.
O tratamento da demência vascular passa por controlar os factores de risco como a hipertensão e colesterol elevado, bem como pela toma de medicação, para lidar com outros sintomas da demência como problemas de sono, de movimentação, depressão ou agitação.
Uma vez que o tratamento para cada tipo de demência é específico, um diagnóstico claro é decisivo.

Complicações associadas às demências

A demência pode afectar o funcionamento de vários sistemas corporais, a capacidade de desempenhar tarefas do quotidiano, podendo conduzir a problemas como:

  • Nutrição inadequada
  • Problemas de higiene
  • Dificuldade em tomar medicação
  • Deterioração da saúde emocional
  • Dificuldades de comunicação
  • Delírio
  • Problemas de sono
  • Problemas de segurança pessoal

A depressão é um transtorno do humor, que se caracteriza por uma alteração psíquica e orgânica global, que conduz a alterações na forma como a pessoa valoriza a realidade e a vida. Medicamente pode-se dizer que a depressão é um transtorno cerebral que pode afectar pessoas de todas as idades, raças, religiões e classes em todo o mundo.

Por vezes, todos nós nos sentimos desanimados ou tristes, no entanto estes sentimentos não duram normalmente mais de uma semana ou duas, e eles não interferem muito com as nossas vidas. Havendo ou não uma razão, nós normalmente lidamos com a situação, falamos com um familiar ou com um amigo, mas normalmente não há necessidade de qualquer ajuda especializada.

Contudo, na depressão:

O humor deprimido não melhora após uns dias – eles mantêm-se por semanas ou meses
São tão maus que interferem com a sua vida.

Como é ter depressão?

Muitas das pessoas com depressão irão em algum momento da doença experimentar pelo menos 5 dos seguintes sinais e sintomas:

  • Humor triste, ansioso ou “vazio” persistente
  • Sentimentos de desesperança, pessimismo
  • Sentimentos de culpa, inutilidade, desamparo
  • Dificuldade de concentração, de memória, de tomar decisões
  • Perder o interesse na vida e não conseguir apreciar nada
  • Dificuldade em tomar decisões
  • Não conseguir lidar com as coisas com as quais costumava lidar
  • Sentir-se totalmente cansada
  • Sentir-se inquieta e agitada
  • Mudanças nos padrões de sono: insónia, acordar muito cedo de manhã ou dormir demais
  • Perder o apetite e peso (com algumas pessoas acontece o contrário, ganham peso)
  • Perder interesse pela vida sexual
  • Sintomas físicos persistentes que não respondem a tratamento, tais como dores de cabeça, transtornos digestivos ou dor crónica
  • Perder a sua auto-confiança
  • Evitar outras pessoas
  • Pensamentos de morte ou suicídio, ou tentativas de suicídio

É frequente que estes aspectos vão surgindo gradualmente, fazendo com que inicialmente a pessoa não perceba o quão deprimida está. Pode até tentar lutar e começar a culpar-se a si próprio por ser preguiçosa ou por ter falta de vontade, sendo muitas vezes necessário a ajuda de um familiar ou amigo para reconhecer, que há um problema e que por isso precisa de ajuda.

Há pessoas que podem achar que está a ceder, como se tivesse uma oportunidade de escolher se quer ou não ficar deprimida. O facto é que chega uma altura em que a depressão é uma doença que pode acontecer à pessoa mais determinada, mesmo as personalidades mais fortes podem experimentar uma depressão profunda. Winston Churchill chamou-lhe o seu “cão negro”.

O que provoca a depressão?

Tal como com os nossos sentimentos de mau humor, a depressão pode ter uma razão óbvia de ser, outras vezes essa razão não é aparente. Uma decepção, frustração, ou a perda de algo ou alguém importante pode ser um motivo, no entanto, frequentemente há mais que uma razão, e ela será diferente de pessoa para pessoa.
Entre as razões mais comuns encontram-se:

Coisas que acontecem nas nossas vidas
Ao longo da nossa vida podemos deparar-nos com acontecimentos angustiantes, sendo normal nestas alturas sentir-se deprimido. Situações de luto, divórcio ou perda de um emprego, podem estar na origem da depressão. Após estes acontecimentos pode sentir necessidade de pensar ou falar neles com frequência durante algumas semanas ou meses, até que consiga assimilar o que aconteceu. Contudo, há pessoas que podem ficar presas num humor deprimido, não conseguindo perspectivar uma melhoria.

Circunstancias
A solidão, a falta de amigos por perto, estado de stress constante, as preocupações ou o facto de estar fisicamente esgotado, pode aumentar a probabilidade de ficar deprimido.

Doença física
Doenças físicas que ameaçam a vida (como o cancro ou a doença cardíaca) e também doenças prolongadas ou dolorosas (como a artrite ou bronquite) podem levar ao desenvolvimento da depressão.
As pessoas mais novas podem, ainda, ficar deprimidas após infecções virais, como gripe ou febre glandular.

Personalidade
Alguns de nós parecem mais vulneráveis à depressão do que outros. Isto pode dever-se aos nossos genes, às nossas experiências nos primeiros anos de vida ou ambos.

Álcool
Beber grandes quantidades de álcool regularmente torna mais provável o desenvolvimento da depressão.

Género
As mulheres parecem ficar deprimidas mais frequentemente que os homens.

Genes
A depressão pode correr na família. Se um dos pais esteve gravemente deprimido, há uma probabilidade oito vezes maior de ficar deprimido.

Números da depressão

  • É uma doença comum, afectando cerca de 121 milhões de pessoas em todo mundo.
  • Figura como uma das principais causas de incapacidade.
  • Menos de 25% das pessoas afectadas com depressão tem acesso a tratamentos.
  • Normalmente é bem diagnosticada nos serviços de saúde primários.
  • Os anti-depressivos e formas estruturadas de psicoterapia têm uma eficácia de 60-80%.
  • Algumas barreiras ao tratamento são a falta de recursos, profissionais especializados e o estigma associado às perturbações mentais.

A esquizofrenia é uma doença que afecta o cérebro. As pessoas que sofrem desta doença pensam, sentem e comportam-se de forma não habitual. Atinge tanto homens como mulheres, tanto jovens como idosos. Os sintomas da esquizofrenia podem afligir o doente, bem como os seus familiares e amigos.

Contudo, mediante tratamento e apoio adequados, os sintomas podem ser controlados, possibilitando às pessoas que sofrem de esquizofrenia ter uma vida mais independente.

A esquizofrenia é muitas vezes mal compreendida. As pessoas que sofrem de esquizofrenia não têm duas personalidades, como acontece noutras perturbações ou síndromas. Os doentes com esquizofrenia não constituem necessariamente um perigo para os outros.

A esquizofrenia é uma doença frequente?

A esquizofrenia é uma das perturbações psiquiátricas mais frequentes.

A esquizofrenia afecta cerca de uma em cada cem pessoas, ou um por cento da população, em dada altura da sua vida [Nadeem Z et al. Evid Based Ment Health2004; 7: 2-3].

Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 24 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de esquizofrenia.

A prevalência da esquizofrenia é semelhante em homens e mulheres, embora possa afectar as pessoas de variados modos. Os homens tendem a evidenciar esta patologia mais cedo, entre os 15 e os 20 anos de idade, ao passo que nas mulheres os sintomas só se manifestam mais tarde – geralmente entre os 20 e os 25 anos de idade [Merck Manual of Medical Information, Edited by Beers MH. 2000].

Sintomas da esquizofrenia

Existem três tipos principais de sintomas:

  1. Os sintomas positivos ocorrem quando se perde a noção da realidade. Estes sintomas sobrepõem-se ao padrão normal de raciocínio ou sentimentos.
  2. Os sintomas negativos caracterizam-se por indiferença emocional e isolamento social e levam a diminuição ou perda dos comportamentos habituais.
  3. Os sintomas cognitivos estão associados a problemas de memória e de raciocínio.

[Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th Edition, Text Revision (DSM-IV-TR). American Psychiatric Association. 2000.]

Sintomas positivos

Quando o doente apresenta sintomas positivos, é incapaz de separar a realidade da fantasia. A esta ocorrência dá-se o nome de ‘episódio psicótico’. Existem três tipos de sintomas positivos:

  1. Os delírios são crenças falsas, que, geralmente, implicam uma má interpretação das percepções ou das experiências (não se enquadram no contexto social ou cultural), por exemplo, sintomas de tipo paranóide, em que o doente sente um medo infundado de algo; mania da perseguição, em que o doente acredita que está a ser perseguido; ou mania das grandezas, em que o doente acredita ter poderes ou capacidades especiais.
  2. As alucinações são algo que se vê, se sente, se cheira ou se saboreia mas que não é real. Por exemplo, o doente pode ouvir vozes quando ninguém está a falar ou ver algo que ninguém consegue ver. As alucinações auditivas (ouvir vozes) são de longe as mais frequentes na esquizofrenia.
  3. O pensamento e o comportamento desorganizados abrangem, por exemplo, o discurso desorganizado e desconexo, as mudanças súbitas de assunto ou um comportamento imprevisível e disparatado.
Sintomas negativos

Os sintomas negativos referem-se à falta de capacidades importantes, tais como:

  • Falta de emoções – não retirar o mesmo prazer das actividades habituais (encontrar-se com amigos, etc.) como anteriormente
  • Diminuição da afectividade – olhar sem expressão ou movimentos faciais menos vivos, tom de voz monótono (sem entoação e variação) ou movimentos lentificados
  • Falta de energia – estar sentado(a) todo o dia ou dormir muito mais do que o normal
  • Falta de interesse pela vida, falta de motivação
  • Capacidades sociais pouco adequadas ou falta de interesse ou capacidade para socializar com as outras pessoas
  • Não conseguir fazer ou manter amigos, ou não se interessar em ter amigos • Isolamento social – passar a maior parte do dia sozinho(a) ou somente com os familiares próximos
  • Ter dificuldade ou não conseguir falar
Sintomas cognitivos

Os sintomas cognitivos manifestam-se ao nível da memória e do raciocínio. Exemplos:

  • Raciocínio desorganizado
  • Raciocínio lento
  • Dificuldade de compreensão
  • Dificuldade de concentração
  • Falta de memória
  • Dificuldade em exprimir os sentimentos
Perspectiva do doente

Chamo-me Sofia e sofro de esquizofrenia. A minha doença dificulta muito a minha vida e causa-me bastante ansiedade. Apercebi-me de que algo estava errado por volta dos vinte anos. Uma noite, depois do trabalho, estava a conduzir para casa quando comecei a achar que alguns condutores me seguiam e que podiam ler os meus pensamentos. Quis parar, mas achei que era demasiado perigoso. Comecei a ouvir vozes que me diziam para continuar a conduzir depois de passar a minha casa para que os perseguidores não ficassem a saber onde vivia. Ouço estas vozes regularmente.

Os sintomas foram-se agravando gradualmente. Acabei por ir parar ao hospital e tive que deixar o meu emprego. Não conseguia pensar direito e as pessoas não pareciam compreender-me quando tentava explicar o que se passava com as vozes e outras coisas estranhas e assustadoras que estava a sentir.

Carlos, um amigo da família, afogou-se há dois meses num acidente de barco. Apesar de ter boas recordações do Carlos, senti um “branco” durante o seu funeral. Era estranho olhar para as pessoas que ali estavam e que se sentiam tão tristes e eu sem sentir nada. Um dos médicos do hospital onde me foi diagnosticada a esquizofrenia queria saber informações sobre uma tia minha, que me disseram sofrer de uma doença semelhante. Foi-me prescrita medicação para a minha doença, que ainda hoje tomo diariamente.

Perspectiva do cuidador

O meu filho Roberto foi diagnosticado recentemente com esquizofrenia. De início foi um choque, mas pelo menos percebemos finalmente o motivo da mudança de comportamento do Roberto.

O Roberto começou a isolar-se quando estava a preparar-se para mudar para a universidade. A música tinha sido sempre a sua paixão, mas já não parecia interessar-lhe. Passava a maior parte do tempo sentado numa cadeira a olhar para a janela. Recusava-se a sair com os amigos ao fim-de-semana.

O que ele dizia não fazia muito sentido. Começou a esquecer-se de coisas elementares, como dar comida ao cão ou onde tinha deixado a bicicleta. Passava dias a fio com a mesma roupa!

Pouco depois, começou a ter alucinações. Queixava-se de ouvir vozes dentro da cabeça que falavam com ele. Falava de uma conspiração contra ele e até nos acusou de fazer parte dela. A família estava toda sob tensão. Por fim, conseguimos convencer o Roberto a falar com um médico sobre o que estava a sentir. Presentemente, o Roberto toma a sua medicação diariamente para controlar a doença.

Causas da esquizofrenia

Embora se desconheça a causa exacta da esquizofrenia, a maioria dos especialistas concorda que na sua origem está uma base biológica (ou genética) e o meio ambiente a que estamos expostos.

Pensa-se que o risco de desenvolver esquizofrenia pode aumentar devido a problemas de desenvolvimento cerebral à nascença, durante a gravidez ou na infância, causados por factores genéticos ou ambientais.

Mais tarde, os factores ambientais podem causar mais danos no cérebro e aumentar novamente esse risco ou desencadear os primeiros sintomas de esquizofrenia.

Genética

A genética parece contribuir fortemente para o desenvolvimento da esquizofrenia, dada a sua componente hereditária. As pessoas que têm um familiar próximo com esquizofrenia ou outra doença psiquiátrica, como depressão ou doença bipolar, apresentam maior probabilidade de desenvolver esquizofrenia do que a população em geral. Mas a genética não é tudo – se um gémeo idêntico tiver esquizofrenia, a probabilidade de o outro gémeo também ter é de cinquenta por cento, embora tenham os mesmos genes [Turner T. BMJ 1997; 315: 108-111].

Química

A esquizofrenia pode dever-se a um desequilíbrio, para mais ou para menos, de certos químicos denominados neurotransmissores no cérebro, por exemplo – dopamina ou serotonina. O cérebro é constituído por muitas células cerebrais, ou neurónios. Os neurotransmissores transportam sinais ou mensagens de uma célula cerebral para outra. Para que o cérebro funcione adequadamente, as mensagens têm de ser enviadas rapidamente. Assim, o excesso ou a falta de neurotransmissores podem causar problemas.

Meio ambiente

Um nascimento traumático, em que o bebé tenha tido falta de oxigénio, ou complicações durante a gravidez, como uma infecção viral, podem aumentar o risco de desenvolver esquizofrenia. Outros factores ambientais como o stress, mudar de casa, perder o emprego ou o abuso de substâncias químicas podem desencadear os primeiros sintomas de esquizofrenia. O uso de drogas, em particular os alucinogénios (ácidos, LSD) e o cannabis, parecem ser, também, factores de risco para a esquizofrenia.

Identificar a esquizofrenia

Não existe nenhum exame físico ou laboratorial para determinar se sofre de esquizofrenia. A identificação ou o diagnóstico da esquizofrenia levam a que, na maioria dos casos, o psiquiatra deva ter em conta diversos factores:

  • História familiar – existência de familiares com esquizofrenia ou outras doenças mentais, como depressão ou doença bipolar, também conhecida como depressão maníaca.
  • História médica -sintomas actuais ou anteriores.
  • Exame objectivo – exame feito pelo médico para garantir que os seus sintomas não se devem a outra doença ou perturbação.
  • Conjunto habitual de perguntas ou critérios destinados a identificar a esquizofrenia.
Requisitos do diagnóstico

Para se obter o diagnóstico de esquizofrenia, devem existir sintomas que interferem com as actividades diárias há pelo menos seis meses, bem como dois ou mais sintomas-chave durante um mês – por exemplo, sintomas positivos como delírios, alucinações, discurso ou comportamento desorganizados, ou sintomas negativos como falta de emoções [Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th Edition, Text Revision (DSM-IV-TR). American Psychiatric Association. 2000].

O diagnóstico da esquizofrenia pode ser difícil, dado que os seus sintomas podem assemelhar-se aos de outras doenças psiquiátricas.

Muitas pessoas com esquizofrenia sofrem de paranóia ou não acreditam que algo está errado, e como tal, não querem ir ao médico.

Por outro lado, os sintomas podem só ser reconhecidos ou identificados quando a doença atinge uma fase mais avançada. É muito importante consultar o médico o mais rapidamente possível, uma vez que o controlo da doença está sempre ligado à precocidade do diagnóstico. [Perkins DO et al. Am J Psychiatry 2005; 162: 1785-804].

Primeiro episódio psicótico

A esquizofrenia pode desenvolver-se muito lentamente, de tal forma que a própria pessoa ou os seus familiares e amigos não se apercebem da situação durante bastante tempo, ou pode evoluir muito rapidamente, originando uma grande mudança comportamental ao longo de poucas semanas.

Em geral, as pessoas são diagnosticadas com esquizofrenia pela primeira vez porque sofreram um episódio psicótico, com sintomas positivos como delírios e alucinações, em que perderam a noção da realidade. Se a sintomatologia for acentuada, pode levar ao internamento.

Fases da esquizofrenia

A esquizofrenia tem três fases, a Fase Aguda, a Fase de Estabilização e a Fase Estável.

Durante a Fase Aguda, manifestam-se sintomas positivos graves. Os sintomas negativos podem também agravar-se. Pode ser necessário um tratamento intensivo e, por vezes, internamento.

À medida que os sintomas positivos diminuem, inicia-se a Fase de Estabilização, que se pode manter durante seis meses ou mais após o início do episódio agudo.

Durante a Fase Estável, os sintomas tendem a estabilizar ou até a desaparecer completamente. Alguns doentes apresentam pouca sintomatologia, ao passo que outros podem manifestar tensão, ansiedade, depressão ou insónia.

Evolução da esquizofrenia

A esquizofrenia afecta as pessoas de variadas formas. Muito poucas pessoas têm apenas um episódio de esquizofrenia e depois recuperam totalmente. A maioria tem uma evolução crónica:

  • Cerca de dois terços dos doentes apresentam um novo episódio psicótico, ou recidiva (retorno dos sinais e sintomas após um período de melhoria), ao fim de cinco ou sete anos após o primeiro episódio [Wiesman D. Schizophr Bull 1998; 24: 75-85].
  • Algumas pessoas terão períodos com poucos ou nenhuns sintomas, seguidos de novo agravamento da sintomatologia.
  • Outras apresentam sintomas durante toda a vida.
Tratamento da esquizofrenia

Embora não haja cura para esquizofrenia, existem alguns tratamentos eficazes para o seu controlo.

O tratamento pode controlar os sintomas e fazer com que os doentes se sintam melhor e consigam socializar com familiares e amigos, ou inclusivamente regressar ao trabalho ou à escola.

A esquizofrenia pode ser tratada mediante: Medicamentos ou combinação de medicamentos e psicoterapia.

Medicamentos

Os medicamentos usados para tratar a esquizofrenia denominam-se antipsicóticos. Na maioria dos casos, através de medicação adequada é possível controlar a sintomatologia [Turner T. BMJ 1997; 315: 108-111]. Contudo, pode ser necessário experimentar mais do que um medicamento até se determinar qual o melhor para si. Podem passar-se 10 a 14 dias até que os sintomas comecem a responder ao tratamento. Mesmo quando os sintomas já diminuíram, é necessário continuar a tomar a medicação para reduzir o risco de recidiva.

Os antipsicóticos bloqueiam a acção de determinados químicos, ou neurotransmissores, no cérebro, reduzindo, assim, os efeitos causados pela libertação excessiva destes químicos. Aparentemente, o reajuste do desequilíbrio destes químicos desempenha um papel crucial no tratamento da esquizofrenia.

Os antipsicóticos tradicionais, ou típicos, são eficazes na redução dos sintomas positivos, embora a sua eficácia seja reduzida no controlo dos sintomas negativos.

Os antipsicóticos novos, ou atípicos, controlam os sintomas positivos e melhoram os sintomas negativos e cognitivos. Os seus efeitos secundários são também diferentes dos observados com antipsicóticos típicos. Em caso de dúvidas ou perguntas não hesite em falar com o seu médico.

Alguns efeitos secundários dos antipsicóticos atípicos

Os diferentes antipsicóticos atípicos podem causar alguns dos seguintes efeitos secundários:

  • movimentos involuntários – espasmos ou contracções musculares
  • ansiedade grave
  • obstipação
  • tonturas
  • secura de boca
  • aumento de peso
  • sonolência

A maioria dos efeitos secundários pode ser controlada reduzindo a dose ou mediante a toma de outros medicamentos. Se manifestar efeitos secundários, deve falar com o seu médico ou psiquiatra que lhe pode prescrever outros medicamentos para tratar alguns sintomas da esquizofrenia, por exemplo, antidepressivos para tratar a depressão ou o humor, e benzodiazepinas para tratar a ansiedade.

Psicoterapia

A psicoterapia pode ser acompanhada com medicamentos que ajudam a controlar os sintomas da esquizofrenia e a reduzir o risco de recidiva [Haddock G, Lewis S. Schizophr Bull 2005; 31: 697–704].O tratamento pode implicar psicoterapia individual, grupos de apoio, terapia familiar, psicoterapia cognitiva-comportamental ou treino de capacidades sociais ou vocacionais.

Na psicoterapia individual, o doente fala com o psiquiatra ou o psicólogo sobre os seus problemas actuais ou passados, as suas sensações, emoções ou relações.

Os grupos de apoio promovem o apoio mútuo entre pessoas que se encontram na sua situação. Nestes grupos também se podem praticar as capacidades sociais.

Na terapia familiar os cuidados são prestados pela família. O esclarecimento aos familiares ajuda-os a compreender a esquizofrenia e os problemas associados a esta patologia. O cuidador pode aprender formas de minimizar o risco de recidiva e estratégias de confronto para lidar com o familiar doente de forma mais eficaz. A psicoterapia cognitiva-comportamental (TCC) é um tipo de terapia que pode ajudar o doente a deixar de ter pensamentos negativos e passar a ter pensamentos mais positivos. A TCC pode ser útil para o doente aprender a lidar com o stress, a ansiedade, a depressão e as perturbações de pânico. O treino de capacidades sociais e vocacionais pode ser de grande ajuda no regresso ao trabalho ou à escola e para que o doente cuide de si próprio.

Tomar a medicação

Tomar a medicação conforme recomendado é fundamental para a sua recuperação e para a manutenção do seu bem-estar. Algumas pessoas deixam de tomar a medicação porque não acreditam que estão doentes, ou porque os seus sintomas melhoraram e consideram que não precisam de mais tratamento. Outras pessoas deixam de tomar a medicação devido aos desagradáveis efeitos secundários. É fundamental falar com o seu psiquiatra sobre a ocorrência de quaisquer efeitos secundários. Muitos efeitos secundários podem ser tratados com outros medicamentos, reduzindo a dose do medicamento que o doente está a tomar ou mediante outras opções terapêuticas.

Não deixe de tomar a medicação sem antes consultar o seu médico. Muitas pessoas precisam de tomar a medicação durante períodos extensos para impedir que os sintomas voltem – recidiva.

Reconhecer os sinais precoces

Ao aprender a reconhecer os seus sinais precoces, poderá obter ajuda médica assim que possível, o que contribuirá seguramente para a sua recuperação. Exemplos de sinais precoces:

  • passar muito tempo sozinho(a) ou estar calado(a) na presença de outras pessoas;
  • as pessoas notarem que não muda de roupa ou que não sabe tomar conta de si ;
  • sentir dificuldades de concentração, perder o interesse pelas actividades escolares ou profissionais;
  • desconfiar das pessoas ou ouvir vozes baixas.

Tente evitar aquilo que o(a) faz sentir pior, como situações de stress, discussões com familiares ou amigos, ou o uso de estupefacientes ou álcool.

Algumas pessoas consomem substâncias ilícitas ou álcool para fugir aos sintomas. Contudo, o consumo de drogas ou álcool tende a agravar os sintomas.

Deve falar com o seu médico se estiver preocupado e falar abertamente com as pessoas em quem confia se achar que está novamente a piorar. Estas pessoas podem ajudá-lo(a) procurar apoio com maior rapidez.

Cuidar de si próprio

Pode cuidar de si próprio através de uma alimentação saudável e equilibrada. A prática regular de exercício físico liberta químicos no cérebro que o(a) podem acalmar e melhorar o seu humor. Tente não fumar – a nicotina dos cigarros pode afectar os antipsicóticos [Lyon ER. Psychiatr Serv 1999; 50: 1346–50]. Procure relaxar e fazer aquilo que habitualmente lhe dá prazer.

Alguns medicamentos usados no tratamento da esquizofrenia podem aumentar o apetite e, consequentemente, o peso. Através de uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercício físico é possível controlar o aumento de peso.

Delinear um plano de actividades

Quando os seus sintomas se agravarem, poderá sentir dificuldade em tomar decisões sobre os cuidados de que necessita.

Juntamente com o seu psiquiatra ou cuidador, e quando se sentir bem, poderá ser de grande utilidade delinear um ‘plano de actividades’.

Este plano de actividades pode incluir:

  • Quem deve estar a par da sua doença, por exemplo, familiares ou amigos
  • Onde quer ser tratado(a) se necessitar de cuidados hospitalares • Que medicamentos quer ou não tomar.
O que deve perguntar ao seu médico?

Esperamos que tenha obtido resposta a muitas das suas perguntas sobre a esquizofrenia.

Lista de perguntas que pode querer colocar ao seu médico:

  1. Qual é o melhor tratamento para mim?
  2. Que efeitos secundários podem ocorrer com este medicamento?
  3. De que forma me poderá ajudar a lidar com os efeitos secundários? 4 Necessito de continuar a tomar a medicação depois de melhorar?
  4. O que devo fazer se achar que os meus sintomas voltaram?
  5. Posso ser tratado(a) em casa, e não no hospital?
  6. Há alguma coisa que eu possa fazer para evitar uma recidiva?
  7. Que tipo de ajuda posso receber dos meus amigos e familiares para conseguir lidar com a minha esquizofrenia?
  8. Existem algumas formas de apoio para os meus familiares?
Saiba mais sobre a esquizofrenia nestes sites:

A GAMIAN-Europe (Global Alliance of Mental Illness Advocacy Networks)é uma organização internacional, sem fins lucrativos, que abrange utilizadores e consumidores, familiares, profissionais de saúde, representantes de organismos e agências governamentais, para além de terceiros que apoiam ou estão interessados em questões que afectam as pessoas que sofrem de uma doença mental. http://www.gamian-europe.org/

Comunidade sem fins lucrativos que fornece informações, apoio e esclarecimentos relacionados com a esquizofrenia, uma perturbação cerebral. http://www.schizophrenia.com/

Associação Americana de Psicologia http://www.apa.org/

Associação Americana de Psiquiatria http://www.psych.org/

Fundação Nacional de Esquizofrenia http://www.nsfoundation.org/

National Schizophrenia Fellowship (RETHINK) http://www.rethink.org/

UK Mental Health Charity http://www.sane.org.uk/

Sites de Organizações de Apoio aos Doentes com Esquizofrenia http://members.aol.com/leonardjk/support.htm

Associação Europeia dos Familiares de Pessoas com Doenças Mentais http://www.eufami.org/

Perguntas frequentes

Perguntas frequentes acerca da esquizofrenia.

P: A esquizofrenia é uma doença frequente?

R: A esquizofrenia afecta cerca de 1% da população, em dada altura da sua vida.

P: Quais são os sintomas da esquizofrenia?

R: Os sintomas da esquizofrenia dividem-se em três tipos principais,designadamente:

  • Sintomas positivos – delírios, alucinações, raciocínio desorganizado
  • Sintomas negativos – falta de capacidades importantes, tais como dificuldade em demonstrar emoções ou incapacidade para socializar
  • Sintomas cognitivos -problemas ao nível da memória e do raciocínio organizado

P: Quando se desenvolvem geralmente os sintomas?

R: Os homens tendem a mostrar sinais iniciais da patologia entre os 15 e os 20 anos de idade, ao passo que nas mulheres os sintomas só surgem mais tarde – geralmente entre os 20 e os 25 anos de idade.

P: A esquizofrenia é hereditária?

R: A genética parece contribuir fortemente para o desenvolvimento da esquizofrenia, dada a sua componente hereditária. Mas a genética não é tudo – se um gémeo idêntico tiver esquizofrenia, a probabilidade de o outro gémeo também ter é de 50%, embora tenham os mesmos genes.

P: Existem exames específicos para diagnosticar a esquizofrenia?

R: Não existe nenhum exame físico ou laboratorial para determinar se sofre de esquizofrenia. O diagnóstico da esquizofrenia envolve um psiquiatra que deverá ter em conta a história familiar, a história médica, o exame objectivo e um conjunto de perguntas/critérios para identificar esta doença.

P: Preciso de ficar hospitalizado(a)?

R: Durante a fase aguda ocorrem sintomas positivos graves. Os sintomas negativos podem também agravar-se. Pode ser necessário tratamento intensivo e, por vezes, internamento. Às vezes pode ser preciso internamento para esclarecimento diagnóstico, ou por outras razões que o seu médico considere apropriadas.

P: A esquizofrenia tem cura?

R: Embora não haja cura para esquizofrenia, existem alguns tratamentos eficazes para o seu controlo. A esquizofrenia pode ser tratada com medicamentos ou mediante uma combinação de medicamentos e psicoterapia.

P: Quais são as diferenças entre os antipsicóticos mais recentes, ou atípicos, e os antipsicóticos tradicionais?

R: Os antipsicóticos tradicionais, ou típicos, são eficazes na redução dos sintomas positivos, embora a sua eficácia seja menor no controlo dos sintomas negativos. Os antipsicóticos novos, ou atípicos, controlam os sintomas positivos e melhoram os sintomas negativos e cognitivos. Os seus efeitos secundários são também diferentes dos observados com antipsicóticos típicos. Em caso de dúvidas ou perguntas não hesite em falar com o seu médico.

P: O que posso fazer para controlar a doença?

R: Pode ajudar-se a si próprio se continuar a tomar a medicação conforme recomendado, se aprender a reconhecer os seus sinais precoces, se tomar conta da sua saúde e se elaborar um plano de actividades para que possa melhorar novamente.

P: Irei ter esquizofrenia para sempre?

R: A esquizofrenia afecta as pessoas de variadas formas. Um número reduzido de pessoas têm um episódio de esquizofrenia e depois recuperam completamente. Outras pessoas, porém, manifestam sintomas durante toda a vida.

Que é Doença Bipolar?

A doença bipolar ou psicose maníaco-depresiva (denominação anterior) é uma doença mental caracterizada por mudanças ou oscilações do estado de animo, que aparecem por episódios (manía, depression e episódio misto) entre fases de eutimia (estado de animo normal). Estas alterações afectam os pensamentos, os sentimentos, o comportamento, o funcionamento e a própria saúde física.

Quais são os sintomas da perturbação bipolar?

Há 3 tipos diferentes dos episódios:

1. Manía (episodio maníaco) – caracterizado por uma

elevação patológica do humor e hiperactividade. Os seguintes sintomas aparecem, interferindo com o funcionamento normal:

  • Sentimento de euforia e/ou irritabilidade;
  • Pouca necessidade de dormir, com níveis elevados de energia;
  • Pensamentos acelerados e sem controlo, com fala muito rápida;
  • Distratibilidade, mudando a atenção entre muitos assuntos rapidamente;
  • Sentimento exagerado de poder e grandiosidade;
  • Comportamentos perigosos sem preocupação sobre possíveis consequenciais; desinibição (gastos excessivos, actividade sexual imprópria);
  • Possibilidade de surgirem sintomas psicóticos (delírio e alucinações);

2. Depressão (episódio depressivo) – Os seguintes sintomas aparecem e perduram, interferindo com o funcionamento normal:

  • Tristeza, melancolia, perda de interesse nas actividades com que antes se desfrutava;
  • Problemas ao dormir (diminuição ou excesso de sono);
  • Problemas do apetite (diminuição ou excesso de sono);
  • Problemas de concentração ou em tomar decisões;
  • Sentimento de inutilidade e culpabilidade, baixa auto-estima
  • Perda da energia, cansaço;
  • Pensamentos de suicide ou morte;
  • Possibilidade de surgirem sintomas psicóticos (delírio e alucinações);

3. Episodio misto – Surgem simultaneamente sintomas do episodio maníaco e do episodio depressivo, podendo o paciente estar excitado como na mania, mas também sentir-se irritável e deprimido, em vez e sentir-se capaz de conquistar o mundo.

Características Gerais:

  • Manifesta-se normalmente entre a adolescência e início da idade adulta;
  • Aproximadamente 1% da população mundial sofre da doença;
  • A principal causa é genética, herda-se uma predisposição;
  • A doença é recorrente, episódios repetem-se ao longo da vida;
  • As crises podem durar entre alguns dias a vários meses mas o períodos de estabilidade entre crises podem durar anos;

Qual o tratamento?

O tratamento mais comum para a Perturbação Bipolar é uma combinação de medicação (estabilizadores do humor, antipsicóticos e às vezes antidepressivos) e intervenções psicoterapêuticas, nomeadamente com o acompanhamento em consulta de psicoterapia, psicoeducação, promoção da adesão ao tratamento, detecção de sintomas de recaída, entre outros.

A Perturbação Bipolar não é culpa do paciente, nem é fruto de uma personalidade “débil” ou instável.

É uma doença, que tem tratamento médico e para a qual há medicamentos  específicos que levam o paciente a ficar sem queixas e a ter uma vida normal, na maior parte das situações.

Ele é um fã obcecado por futebol..

ela é obcecada por sapatos..

Ele é um mentiroso compulsivo..

Utilizamos estas expressões para falar de pessoas que fazem algo repetidamente, mesmo quando os outros não vêm nenhuma razão para o fazer. Contudo, o impulso de fazer ou pensar certas coisas repetidamente pode dominar a sua vida de forma pouco saudável.

Assim, se:

– tem pensamentos estranhos que se apoderam da sua mente, mesmo quando tenta afastá-los

ou

– tem comportamentos repetitivos como tocar, contar coisas ou lavar as mãos, vezes e vezes sem conta…

… pode ter uma Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC).

Como é ter uma Perturbação do Comportamento Alimentar?

A POC compreende três aspectos principais:

  • os pensamentos que causam a ansiedade (obsessões)
  • a ansiedade que sente
  • os comportamentos que ajudam a reduzir a ansiedade (compulsões)
O que pensa (obsessões):

As obsessões manifestam-se através de pensamentos, impulsos, imagens, ou da combinação destes. Caracterizam-se por ser indesejadas, intrusivas e geralmente resistentes, podem ter os seguintes conteúdos:

  • Pensamentos: palavras simples, frases curtas ou ritmos que são desagradáveis, chocantes ou blasfémias. Tenta não pensar sobre eles, mas eles não desaparecem. Pode preocupar-se com o facto de poder estar contaminado (por germes, sujidade ou HIV), ou que alguém se possa magoar porque você foi negligente.
  • Imagens na mente: ver a sua família morta ou ver-se a si próprio a fazer algo violento ou de teor sexual que vai completamente contra o seu carácter – esfaquear, abusar de alguém ou ser infiel. No entanto, sabe-se que as pessoas com obsessões, normalmente, não concretizam as suas obsessões, não se tornando por isso violentas.
  • Dúvidas: preocupa-se durante longos períodos de tempo com a possibilidade de ter causado algum acidente ou o infortúnio a alguém. Pode preocupar-se com a possibilidade de ter atropelado alguém com o seu carro, ou de ter deixado as portas e janelas destrancadas.
  • Ruminações: argumenta consigo próprio sobre a forma como deve agir, se deve fazer uma coisa ou outra e não consegue optar pela decisão mais simples.
  • Perfeccionismo: preocupa-se exageradamente com a ordem das coisas, se estão equilibradas ou no sítio certo, como por exemplo, preocupa-se que os livros não estejam precisamente alinhados na estante.
O que sente (emoções):

Sente-se tenso, ansioso, com medo, culpado, aborrecido ou deprimido.
Sente-se melhor quando leva a cabo os seus comportamentos ou rituais compulsivos, contudo este sentimento não dura muito tempo.

O que faz (compulsões):

As compulsões são comportamentos repetitivos e, aparentemente, propositados, precedidos ou acompanhados por uma sensação de compulsão à qual, geralmente se tenta resistir e que incluem:

  • Corrigir pensamentos obsessivos: surgem pensamentos alternativos, que têm como objectivo neutralizar os pensamentos obsessivos, como contar, rezar ou dizer uma palavra especial várias vezes. Estes pensamentos alternativos conferem à pessoa uma sensação de alívio, uma vez que a pessoa acredita que podem prevenir que coisas más aconteçam. Estes pensamentos podem, também, ser uma forma de afastar pensamentos ou imagens desagradáveis que sejam incomodativas.
  • Rituais: lavar as mãos frequentemente, fazer as tarefas muito lentamente e cuidadosamente, organizar objectos ou actividades de uma forma específica. Estes rituais podem ser tão demorados que o atrasam para comparecer a compromissos, ou realizar outras tarefas, bem como podem impedir de fazer algo útil.
  • Verificar: Examina o corpo para perceber se está contaminado, verifica se os aparelhos em casa estão desligados, se a casa esta fechada ou se o caminho que vai percorrer é seguro.
  • Evitar: Evitar qualquer objecto ou situação que relembre as obsessões, bem como evitar determinados locais, tomar decisões arriscadas ou aceitar responsabilidades. Por exemplo, pode evitar a cozinha porque sabe que vai encontrar lá facas afiadas.
  • Acumular: Pode sentir necessidade de reunir bens inúteis, não sendo capaz de se desfazer deles ao longo do tempo.
  • “Reafirmação”: Pede frequentemente aos outros para lhe dizerem que está tudo bem.
Qual a relação entre as obsessões e compulsões?

Como referido previamente, as obsessões podem surgir sob forma de pensamento, imagem, impulso ou combinados e provocando ansiedade, desconforto e stress. As obsessões podem surgir com ou sem pistas. Por outro lado, o desconforto provocado pelas obsessões conduz a comportamentos compulsivos ou rituais que podem ser evidentes (ex. lavar as mãos) ou encobertos (ex. fazer uma contagem para si mesmo), com o objectivo de reduzir essa ansiedade.

Quão grave pode ser?

O impacto da perturbação obsessivo-compulsiva (POC) na vida das pessoas pode variar, no entanto, sabe-se que as diversas áreas de vida, como o trabalho, as relações e vida familiar, são mais produtivas e satisfatórias se a pessoa não tiver que lidar constantemente com a POC. Os casos graves de POC podem em determinado momento impossibilitar rotinas de trabalho regular, fazer parte das actividades da vida familiar, ou até mesmo relacionar-se com a família. As relações familiares podem, ainda, deteriorar-se em situações mais graves, pelo facto de a pessoa com POC tentar envolver a família nos seus rituais.

Outras condições semelhantes com a perturbação obsessivo-compulsiva

A perturbação de dismorfia corporal ou o “stress da fealdade imaginada”, podem em determinadas situações assemelhar-se à POC. Bem como, a necessidade de arrancar os cabelos ou as sobrancelhas (Tricotilomania), o medo de padecer de alguma doença física grave (Hipocondria), síndrome de Tourette (as pessoas podem gritar ou espernear incontrolavelmente). Nas crianças, algumas formas de Autismo, como o síndrome de Asperger, podem assemelhar-se à POC, uma vez que têm frequentemente a mesma necessidade de manter rotinas ou uma ordem para determinadas coisas, que os ajudar a sentirem-se menos ansiosos.

Quando é que a perturbação obsessivo-compulsiva tem início?

Durante a infância podem ocorrer situações em que se exibem compulsões leves, como organizar os brinquedos de forma muito precisa ou evitar pisar rachadelas no pavimento, no entanto, isto tende a desaparecer à medida que se tornam mais velhas. A POC tende a manifestar-se na adolescência ou por volta dos vinte anos. Com o tempo, os sintomas podem aparecer e desaparecer, mas normalmente as pessoas que têm POC não procuram ajuda atempada levando-as a viver durante muitos anos com a doença seu que esta seja diagnosticada ou tratada.

O que causa a perturbação obsessivo-compulsiva?

Existem diversos factores que podem contribuir para o aparecimento de uma Perturbação Obsessivo-Compulsiva, entre os quais podemos encontrar:

  • Genes: Por vezes, a POC é hereditária, ou seja, pode ocasionalmente ocorrer em várias pessoas da mesma da família.
  • Stress: Acontecimentos de vida stressantes são responsáveis pelo aparecimento desta doença numa em cada três pessoas.
  • Alterações cerebrais: Os sintomas de POC, quando ocorrem por um longo período de tempo, são frequentemente atribuídos a um desequilíbrio de uma substância do cérebro chamada serotonina (também conhecida como 5HT), embora ainda não existam evidências científicas sólidas que comprovem esta teoria.
  • Personalidade: Pessoas meticulosas, metódicas e que valorizam a arrumação, têm uma maior probabilidade de desenvolver POC. Estas características que podem ser úteis, no entanto, quando levadas ao extremo podem constituir um problema de saúde mental.
  • Formas de pensamento: Todos nós temos pensamentos e criamos imagens estranhas ou perturbadoras, como “e se eu tivesse parado em frente ao carro” ou “posso fazer mal ao meu filho”. A maioria de nós rapidamente afasta estas ideias e continuamos com as nossas vidas. No entanto, se tiver padrões elevados de moralidade e responsabilidade, pode sentir que, apenas o facto de ter esses pensamentos, é terrível. Portanto, mais facilmente, vai estar atento a este tipo de pensamentos e fazer com que eles voltem.
O que faz com que a perturbação obsessivo-compulsiva se mantenha?

Algumas das estratégias usadas para controlar os sintomas da POC, podem na realidade contribuir para a sua manutenção. De seguida apresentam-se algumas dessas estratégias:

  • Tentar afastar os pensamentos desagradáveis: esta estratégia, normalmente, faz com que esses pensamentos voltem ainda com mais frequência. Por exemplo, se tentar não pensar num elefante cor-de-rosa nos próximos minutos – vai achar que provavelmente é difícil pensar noutra coisa.
  • Os rituais, a verificação, o evitamento e a procura de confirmação, fazem com que se sinta menos ansioso, a curto prazo – especialmente se sentir que estas estratégias podem prevenir que algo perigoso aconteça. Mas, de cada vez que as realiza, fortalece a crença de que elas previnem que coisas más aconteçam. Assim, sente-se mais pressionado para as realizar e assim sucessivamente.
  • Recorrer a pensamentos neutralizantes: Tentar substituir um pensamento perturbador, por outro pensamento que o neutralize (por exemplo, contar até dez), ou ver uma fotografia (por exemplo, ver uma pessoa viva e saudável).